O conflito entre Israel e Palestina é um dos conflitos mais complexos, controversos e de longa duração da história mundial, caracterizados pela intensa violência e pelo nacionalismo intransigente. Desde o final do século XIX, o território disputado no Oriente Médio tem sido palco de frequentes confrontos e tentativas desesperadas de ambos os lados para forjar seu próprio estado-nação. Apesar de inúmeras tentativas de paz, o conflito continua até os dias de hoje.
10 Fatos sobre o Conflito entre Israel e Palestina
1. O conflito não é religioso, mas sim territorial
Apesar de ser comumente retratado como um confronto divisivo entre o Islã e o Judaísmo, o conflito entre Israel e Palestina é um enraizado no nacionalismo e nas reivindicações territoriais.
No século XIX houve um aumento do senso de nacionalismo na Europa, com inúmeras nações clamando por seus próprios Estados independentes. Entre os políticos e pensadores defensores do nacionalismo estava Theodore Herzl, um jornalista judeu que defendia a criação de um Estado para os judeus. Hoje, ele é considerado o pai fundador do sionismo.
Os palestinos, tendo sido controlados primeiro pelos otomanos e depois colonizados pelos britânicos, desejavam há muito tempo um Estado palestino independente e autônomo. Consequentemente, o conflito foi centrado em torno de ideias nacionalistas fervorosas, com cada lado não reconhecendo a legitimidade da reivindicação do outro.
2. A Palestina já foi multicultural e tolerânte
Durante o período otomano, muçulmanos, cristãos e judeus viveram, em sua maior parte, harmoniosamente. Relatos contemporâneos falam de muçulmanos recitando orações com seus vizinhos judeus, permitindo que eles recolham água antes do sábado, e até mesmo enviando seus filhos para escolas judaicas para que eles possam aprender a se comportar adequadamente.
Casamentos e relações entre judeus e árabes também não eram proibidos. Apesar dos muçulmanos representarem quase 87% da população, uma identidade palestina coletiva estava emergindo durante esse tempo que transcendia as divisões religiosas.
3. Divisões começaram após a Primeira Guerra Mundial
Após a queda do Império Otomano e a Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha assumiu o controle dos territórios palestinos, em um período conhecido como mandato britânico. Durante este tempo, os britânicos criaram diferentes instituições para muçulmanos, cristãos e judeus, o que atrofiou a comunicação e desencadeou a divisão dos grupos.
Além disso, conforme estabelecido na Declaração de Balfour, os britânicos facilitaram a imigração de judeus europeus para a Palestina. Isso marcou uma mudança significativa nas relações entre os dois grupos, e no período entre 1920 a 1939, a população judaica aumentou, chegando a ser mais de 320.000.
Ao contrário dos judeus palestinos, os judeus europeus não compartilhavam uma experiência comum com seus vizinhos muçulmanos e árabes - em vez disso, falavam iídiche e traziam consigo suas próprias culturas e ideias. Uma declaração da ativista palestina Ghada Karmi contribuiu para a ascensão do nacionalismo palestino, resultando em uma revolta fracassada contra os britânicos em 1936.
4. A Guerra Árabe-Israelense de 1948
Em 1948, após anos de crescentes tensões e uma tentativa fracassada de dividir a Palestina em dois Estados pela ONU, a guerra eclodiu entre Israel de um lado e uma coalizão de nações árabes do outro.
Foi durante esse tempo que Israel fez sua Declaração de Independência, estabelecendo formalmente o estado de Israel. No dia seguinte, foi oficialmente declarado "Dia de Nabka" pelos palestinos, que significa "Dia da Catástrofe". Após 9 meses de lutas pesadas, Israel saiu vitorioso, controlando mais terras do que antes.
Para os israelenses, isso significava o início de seu estado-nação e a realização de seu desejo de longa data por uma pátria judaica. Para os palestinos, porém, foi o começo do fim. Cerca de 700.000 palestinos foram deslocados durante a guerra, fugindo para países árabes vizinhos.
5. A Primeira Intifada
A partir de 1987, a Primeira Intifada viu a organização da ampla desobediência civil palestina e da resistência ativa, em reação ao que os palestinos alegaram ser anos de maus tratos e repressão israelenses.
Essa crescente raiva e frustração veio à tona em 1987, quando um carro civil colidiu com um caminhão das Forças de Defesa de Israel. Quatro palestinos morreram, desencadeando uma onda de protestos.
Os palestinos empregaram várias táticas durante a revolta, incluindo alavancar seu poder econômico e político com boicotes a instituições israelenses e recusas de pagar impostos israelenses ou trabalhar em seus assentamentos.
Métodos mais violentos, como o arremesso de pedras e coquetéis Molotov no IDF e infraestrutura israelense também foram generalizados. A reação israelense foi dura. Toques de recolher foram impostos, casas palestinas demolidas, e suprimentos de água limitados. 1.962 palestinos e 277 israelenses foram mortos.
A Primeira Intifada foi anunciada como um momento em que o povo palestino foi capaz de se organizar independente de sua liderança, e ganhou ampla cobertura da mídia. Israel foi condenado por seu uso desproporcional da força. Uma segunda e muito mais violenta Intifada seguiria em 2000.
6. A Palestina é governada tanto pela Autoridade Palestina quanto pelo Hamas
Conforme estabelecido pelos Acordos de Oslo de 1993, a Autoridade Nacional Palestina recebeu controle sobre partes de Gaza e da Cisjordânia. Hoje, a Palestina é governada por dois órgãos concorrentes - a Autoridade Nacional Palestina (PNA), que controla em grande parte a Cisjordânia, e o Hamas que tem posse de Gaza.
Em 2006, o Hamas conquistou a maioria nas eleições do Conselho Legislativo. Desde então, uma relação fraturada entre as duas facções levou à violência, com o Hamas tomando o controle de Gaza em 2007.
7. Mais de 400.000 de pessoas vivem em assentamentos na Cisjordânia
E esses assentamentos são considerados ilegais, pois invadem terras palestinas, com muitos palestinos argumentando que tem seus direitos humanos e liberdade violadas. Israel, no entanto, contesta vigorosamente a ilegalidade dos assentamentos, com alegações de que a Palestina não é um Estado.
A questão dos assentamentos judeus é um dos principais obstáculos para a paz na região, com muitos palestinos forçados a sair de suas casas. O presidente palestino declarou que as negociações de paz não serão realizadas a menos que os assentamentos parem.
8. Bill Clinton quase conseguiu promover a paz
As negociações de paz entre os dois Estados em conflito estão em curso há anos sem sucesso, inclusive nos Acordos de Oslo em 1993 e 1995. Em julho de 2000, o presidente Bill Clinton convidou o primeiro-ministro israelense Ehud Barak e o presidente da Autoridade Palestina Yasser Arafat para uma reunião de cúpula em Camp David, Maryland. Depois de um começo promissor, as negociações desandaram.
Em dezembro de 2000, Clinton publicou seus "Parâmetros" - uma diretriz para resolver o conflito. Ambos os lados concordaram com as diretrizes - com algumas reservas - e emitiram um comunicado dizendo que nunca estiveram mais perto de um acordo. No entanto, talvez sem surpresa, ambos os lados não foram capazes de chegar ao acordo de fato.
9. O Muro da Cisjordânia foi construída em 2002
Muro da Cisjordânia -Durante a Segunda Intifada, o Muro da Cisjordânia foi construído, separando os territórios israelenses e palestinos. A cerca foi descrita como uma medida de segurança por Israel, impedindo o movimento de armas, terroristas e pessoas em território israelense. No entanto, os palestinos a vêem mais como uma segregação racial ou um muro do apartheid.
No início de 1994, uma construção semelhante foi feita, separando Israel e Gaza pelas mesmas razões. No entanto, os palestinos alegaram que o muro não seguia as fronteiras estabelecidas após a guerra de 1967, e era essencialmente uma apropriação de terras.
Tanto a Palestina quanto as organizações de direitos humanos também argumentaram que as barreiras violam os direitos humanos ao restringir a liberdade de ir e vir.
10. Trump tentou um novo acordo de paz
O plano "Paz à Prosperidade" de Trump foi revelado em 2019, delineando um enorme investimento de US$ 50 bilhões nos territórios palestinos. No entanto, apesar de suas promessas ambiciosas, o plano ignorou a questão central do estado palestino e evitou outros pontos controversos, como assentamentos, o retorno dos refugiados e futuras medidas de segurança.
Apesar de ter sido apelidado de acordo do século, muitos acreditavam que exigia poucas concessões de Israel e muitas restrições da Palestina, e foi obviamente rejeitado pelos palestinos.
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